O Negro na formação sociocultural da Amazônia

 

1. Introdução

     A população atual de um determinado espaço tem a contribuição de todos os povos que ao longo do tempo já o habitaram. Inicialmente, três grupos étnicos participaram do processo de miscigenação na formação da população da Amazônia: o indígena, o branco europeu e o africano negro.

     Igualmente importantes, mas intencionalmente marginalizados. Ao longo de dezenas de décadas, os registros históricos não têm tratado os grupos que foram dominados da mesma forma que tratou os dominadores. Entretanto, sabe-se que tanto quanto o indígena e o branco, a participação do negro foi de suma importância no processo de formação histórica, econômica e cultural da região.

     Hipóteses nos levam a dizer que é pouca a literatura que evidencia a imensa contribuição do negro na Amazônia. Isso, por si só, justificaria qualquer estudo que busque mostrar a relevante contribuição do africano para a região.

     Objetiva-se, contextualizar a inserção do negro na Amazônia,  identificar e caracterizar o processo histórico de luta pela liberdade, bem como evidenciar os traços culturais  atuais, frutos participação do negro processo de miscigenação ocorrido na região. 

    O estudo está estruturado em quatro partes: Introdução, desenvolvimento, conclusão e fontes consultadas. 

2. Desenvolvimento

2.1  Inserção do negro na Amazônia

     Até o início do século XVI,  a Amazônia, assim como todo o continente americano era habitada por diversos povos indígenas. Contudo, a partir da expansão do capitalismo – fase comercial, novos povos passaram a se inserir e/ou a ser inseridos no continente e, consequentemente, na Amazônia.

     Terras ibéricas “visitadas” pelos ingleses. O espaço que hoje conhecemos como Amazônia brasileira, pelo Tratado de Tordesilhas, pertenceria à Coroa da Espanha, ainda assim, não coube a esses, tampouco aos portugueses o pioneirismo na inserção do negro na região. Entre os rios Paru e Xingu, os ingleses utilizaram-nos como mão de obra em feitorias bem antes dos ibéricos.

     Identificados pela cor da pele e unidos pela condição de escravos e mercadorias. Assim como os povos indígenas da região, o negro inserido na Amazônia tinha origem em diferentes nações africanas (veja figura na página seguinte). Da cultura Banto, nações: Angola, Congo, Bengala, Cabimba, Moçambique, Moxiongo, Mauá ou Macura, Camange; do grupo sudanês entraram Mina, Fanti-Achânti, Mali ou Maí de Mandinga, Fula ou Fulupe, Bijogó ou Bixagô; da nação Fula ou Peuls, e cultura camítica, o grupo Guiné-Senegalês.

     Inserção concomitante à colonização. Ainda no século XVII os portugueses os trouxeram para a região. Mas, diferentemente do que ocorria, nos Estados do Brasil, na colônia do Maranhão e Grão-Pará, para desenvolver as atividades das drogas do sertão inicialmente, para os portugueses, a mão de obra indígena era suficiente.